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segunda-feira, 29 de maio de 2017

O Homem é Dono de seu Próprio Destino !




         As nossas crenças constroem os nossos pensamentos, os nossos pensamentos direcionam nossas ações, as nossas ações materializam a nossa realidade, que define as nossas verdades. Ou seja, segundo Arthur Schopenhauer:
“O mundo é representação minha... Quando o homem adquire essa consciência... então sabe com clara certeza que não conhece o sol nem a terra, mas somente que tem um olho que vê o sol e uma mão que sente o contato de terra: sabe que o mundo circunstante só existe como representação, isto é, sempre e somente em relação com o outro ser, com o ser que o percebe, com ele mesmo... Tudo o que o mundo inclui ou pode incluir é inegavelmente dependente do sujeito, não existindo senão para o sujeito. O mundo é representação.”

         O que o Homem sabe é aquilo que o Homem define como verdade para si, e não aquilo que é totalmente verdadeiro. Pois o que é a verdade? Onde a verdade está ? Se não conhecemos a totalidade do SER ? Podemos conhecer a verdade ? Ao conhecermos os limites das nossas verdades, é possível questionar nossas crenças e reformularmos as nossas pseudo verdades. Segundo William James, “a maior descoberta de minha geração é que os seres humanos podem alterar sua vida alterando suas atitudes”.
         O Homem é dono de seu próprio destino, ele navega no mar de incertezas que a vida lhe impõe e faz as suas próprias escolhas. Para Hobbes, “o mundo humano é governado pela opinião. As opiniões são apenas crenças prematuras sobre questões que atraem nossa atenção imediata”.
         Podemos examinar os nossos sistemas de crenças, compreender como passamos a acreditar em alguma coisa, as razões que temos para acreditar no que acreditamos como as crenças afetam a nossa vida, geram bem-estar, mal-estar ou até doenças.
         O Ser Humano é tão diverso que podemos encontrar pessoas que acreditam em crenças opostas ou até incompatíveis. Isso pode fazer o Homem ter ações contraditórias e até incompatíveis. Para ações corajosas, o Homem tem que fazer muito exame de consciência e um debate público com profundos princípios filosóficos, para estar seguro de sua decisão.
         Segundo Lou Marinoff, “as crenças e as crenças sobre crenças podem tornar melhor ou pior a vida humana”. Um relativista moral acredita que o bem, o certo e o justo são relativos às crenças das pessoas. Causar dano a si e aos outros é mau. Isso é absoluto. Ajudar a si e aos outros é bom. Isso é absoluto. Relativo é a decisão que o Homem toma.
A disseminação do relativismo moral e seu infeliz patrocínio político por centros de instrução superior europeus e norte-americanos causaram muita confusão no mundo ocidental durante o último terço do século XX. Privados de uma bússola moral, entre outras ferramentas filosóficas necessárias para examinar e compreender os sistemas de crenças, milhões de pessoas acham difícil ou impossível determinar um contexto para os acontecimentos atuais, não importa quão horríveis eles sejam”. (Lou Marinoff)

         O nosso destino está em nossas crenças, são elas que modelam nossas ações éticas e morais. Faz-nos donos de nosso próprio destino na medida em que escolhemos em que acreditar. Podemos criar o mundo a partir de nossas próprias escolhas. O limite está na nossa capacidade de apreender a realidade vigente e dar uma resposta aos desafios de se manter vivo.




domingo, 28 de maio de 2017

O Mundo voltado para o Ser Humano Transformacional !




         As organizações do futuro estarão voltadas para o Ser Humano Transformacional. Valores, conceitos, como o ser e ver o mundo a partir de uma cultura ética-moral. As experiências serão múltiplas e passageiras, conforme um estado de vida líquida, que não se solidifica, mas se transforma na velocidade da criação da informação.
         Os planejamentos serão cada vez mais imprevisíveis, as análises de previsão guardarão em seu conteúdo um elevado nível de risco, uma variação constante que terão uma amplitude elevada. O sucesso estará reservado à organização que souber navegar nas ondas de oportunidades passageiras.
         Não existe um modelo ideal, mas várias formas de Ser e Vir-a-Ser no mundo em transição. É a era do Ser Humano Transformacional, que está em constante mudança e adaptação a realidade vigente do momento específico.
         O humano é um Ser limitado, que também é um Vir-a-Ser sem uma definição a priori a partir da consciência de seu Eu, mas está em construção na medida em que se conhece e experimenta as possíveis oportunidades da vida. Para o humano jogado no mundo não há uma realidade dada, mas várias realidades que se tornam real com a caminhada.
         O que é previsível é a da mudança, já não se tem a segurança de um modelo estável e estático. “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio... pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem!... Tudo flui e nada permanece.” (Heráclito de Éfeso)
         A fala acima tem mais de 2.000 anos, e se faz presente no mundo contemporâneo. “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar.” A fluidez do ‘mundo líquido’ de Zygmunt Bauman, século XX. É a conclusão de que sempre fomos um Ser em transformação, ou seja, um Vir-a-Ser jogado no mundo.
         Assim, quem é o sujeito avaliado pelas organizações de Recursos Humanos? É o sujeito que é, mas não permanecerá o mesmo, está em constante autoconhecimento e descoberta de novos horizontes. Como as organizações, não tem um futuro previsível, uma forma única de Ser no mundo. “Não me pergunte quem eu sou, mas sobre tudo não me peça para permanecer o mesmo.” (Michel Foucault)
         O que temos nato é a criatividade, criamos uma nova realidade após a apreensão da realidade vigente, por não termos acesso ao todo, mas a parte do todo, é com o tempo e a caminhada histórica que conhecemos parcialmente o Ser, que é total, imutável e infinito. Para suportar a indefinição, o que o sujeito pode fazer é criar. “Talvez o objetivo hoje em dia não seja descobrir o que somos, mas recusar o que somos. Temos que imaginar e construir o que poderíamos ser.” (Michel Foucault)
         As organizações do presente existem como os seres humanos, por serem compostas de indivíduos é parte do Ser em sua finita dimensão, mas também é um Vir-a-Ser na sua jornada existencial, jogada no mundo mutável. Se quiser ter um futuro, tem que criar o seu próprio futuro. Não há uma resposta certa, mas diversas respostas para as diversas perguntas que quiser responder.
         Podemos criar uma certeza para o futuro incerto, na medida em que imaginamos e construímos o que podemos ser. Se, vai dar certo ou errado, depende do que podemos entender como certo ou errado. A nossa cultura ética-moral vai definir o que faz sentido ou não para a nossa vida. Tudo dependerá da nossa visão de mundo para construirmos o futuro.


terça-feira, 23 de maio de 2017

A Educação como um Projeto de Formação do Estado Brasileiro !




         A educação é um bem que tem valor na formação de uma sociedade cidadã. E o Estado de uma nação se materializa através das relações de seus cidadãos. Mecanismos de poder, vigilância e punição estão inseridos na relação entre docente e discente, o que têm definido a qualidade do ensino no Brasil. Entendendo que o docente representa o Estado e o discente representa o cidadão.
         Escolas de ensino básico, com maior autonomia, podem se autodeterminar, elas têm implementado políticas de ensino, que superam a lógica de dominação do Estado, um exemplo são as escolas de ensino básico privado que apresentam um melhor desempenho nas avaliações. Já as escolas de ensino básico públicas estão sujeitas ao cumprimento estrito das políticas públicas de Estado, tornando-se dependentes e incapazes de se autodeterminar, ou seja, a população de baixa renda e dependente do ensino básico público no Brasil está subjugada pelo Estado, e esta parcela da população representa a maior parte dos futuros cidadãos brasileiros.
         Do ponto de vista filosófico, o que está por trás da política pública educacional de Estado no Brasil? Qual é a visão de mundo que o Estado brasileiro tem? Qual sociedade cidadã o Estado brasileiro quer formar para o amanhã? Ao reorientarmos a educação no Brasil podemos formar um Estado brasileiro cidadão mais autodeterminado e livre, preparado para superar os desafios futuros vislumbrados no presente? É possível articular  ideias filosóficas que permitam orientar uma política pública exclusiva para a realidade brasileira inserida no continente latino americano?
         A educação com um projeto de formação do Estado brasileiro pode ter uma orientação democrática e libertadora, que forme cidadãos que superem a situação de exclusão e permita a mobilidade social, tornando o país mais próspero e justo. Nesta tarefa estratégica para a formação do Estado brasileiro, a filosofia tem muito a contribuir, na medida em que venha a debater ideias e formular conceitos que orientem nas políticas públicas voltadas para a educação.
         O Estado brasileiro formado por seus cidadãos deve responder as seguintes perguntas: O que sou? O que quero ser? Para qual finalidade devo ser? O que devo fazer? A população na sua maioria tem a ganhar com as políticas públicas educacionais? O Estado brasileiro está se tornando mais democrático e justo? Os cidadãos brasileiros estão mais preparados para o futuro vislumbrado pelo presente? A quem cabe participar da formulação das políticas públicas educacionais? O Estado brasileiro está preparado para ser democrático ou autocrático?
         A partir das respostas das perguntas formuladas pelos filósofos, o Estado brasileiro formado pelos seus cidadãos tem uma orientação ideológica orientada para suas ações sociais e, principalmente, políticas capazes de melhorar a educação no Brasil.

         “Talvez o objetivo hoje em dia não seja descobrir o que somos, mas recusar o que somos. Temos que imaginar e construir o que poderíamos ser.” (Michel Foucault)

         A saída está em ter uma ação criativa para com a vida, criar o futuro a partir do real presente, buscar o próprio caminho a luz do que já está estabelecido. Usar as ideias filosóficas para ter uma atitude criadora e superar os desafios que se apresentam. A educação tem solução e a tem através da própria educação, tudo depende do que queremos SER.




domingo, 14 de maio de 2017

UM ESPELHO PARA O MUNDO E AS SÉRIES DE TV !






NAÇÃO & RAÇÃO !


INT. SALA DA CASA - DIA
A sala é impecável, aparentemente pertence à uma família de classe média alta de São Paulo. Estão sentados no sofá JOÃO, 43 anos, roupas impecáveis e com muita postura e MARCELA, 35 anos, bem vestida, unhas feitas, maquiada. Os dois assistem à um programa de televisão e sorriem.
MARCELA - Onde está o Joãozinho?
JOÃO - Eu não sei. Ele disse que ia pintar só dentro do quarto dele.
MARCELA - (ficando nervosa) - Pintar? E a roupa dele? Será que
ele vai se sujar?
JOÃO - Calma. Eu não achei que isso fosse ser tão ruim assim.
MARCELA - Não achou? Como não achou? Esqueceu como passamos fome no mês passado por causa dessas tintas?
JOÃO - Isso não vai acontecer, Marcela. Eu trabalhei muitas horas a mais esse mês.
MARCELA - Você sabe que isso não faz diferença.
JOÃO - E ele está no quarto dele. Ninguém vai ver que a camisa está suja. SE estiver suja.
(JOÃOZINHO entra na sala, vestido com uma camisa social manchada de tinta. Marcela se desespera.)
MARCELA - Ai meu filho, onde é que você estava?
JOÃOZINHO - Só fui brincar na rua, mamãe.
MARCELA - Na rua? Com essa roupa assim?
JOÃOZINHO - (perccebendo a tinta em sua roupa) - Não foi nada.
(Marcela olha angustiada para João, que se levanta sem graça.)
JOÃO - Eu... eu vou fazer umas ligações.
(João sai da sala.)
JOÃOZINHO - Eu tô com fome, mamãe. O que tem pra hoje?
MARCELA - Eu não sei. Alguma coisa deve ter sobrado ainda... você sabe que cada vez que a gente pinta uma parede, recebemos menos comida.
JOÃOZINHO - Eu sei, mas eu nunca mais pintei do lado de fora.
MARCELA - Ainda não é o suficiente, filho. As pessoas não tem que pintar nada. Como é que ainda permitem a venda dessas tintas?
(João chega na sala e percebe a aflição de Marcela.)
JOÃO - Sem elas, o que vai sobrar pra gente colorir as coisas?
(Marcela parece não dar atenção ao que o marido fala e mantém com seu olhar angustiado.)
MARCELA - Conseguiu ligar?
(João tem uma expressão muito triste.)
JOÃO - Sim.
MARCELA - Não... por favor não...
JOÃO - Eu vou tentar negociar ainda, talvez eles aceitem... talvez se eu dobrar as horas de trabalho...
MARCELA - Você sabe que eles vão transformar isso em sua obrigação.
JOÃO - E o que você quer? Morrer de fome?
(Marcela, quase chorando, abraça seu filho.)
MARCELA - Quantas horas de trabalho você já não aumentou?
JOÃO - Eu só queria que o Joãozinho tivesse uma infância feliz... ele
só gosta de pintar, isso não é nenhum crime.
MARCELA - Você sabe que já faz alguns anos que isso se tornou crime.
JOÃO - Por deus, Marcela, ele é só uma criança.
JOÃOZINHO - O que tá acontecendo, gente?
MARCELA - Você não entendeu ainda? A gente vai receber pouca comida esse mês... de novo.
JOÃO - Não, Marcela. Eles cortaram tudo dessa vez.
MARCELA - Como assim tudo?
JOÃO - Não vai ter comida esse mês pra nós. E se descobrirem que alguém nos ajudou, você já sabe o que vai acontecer...
(João sai da sala chorando. Marcela abraça seu filho, desesperada.)
JOÃOZINHO - Eu tô com fome... desculpa, mãe, eu não vou mais pintar nada.
(João volta com meio pão, pratos e talheres requintados. Ele divide o pão em três.)
JOÃO - Desculpa, filho. Nem todo mundo vê as cores do mesmo jeito que você.
Cada um pega o seu pedaço de pão e começa a comer. Mantendo a elegância, mas todos angustiados.



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