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domingo, 29 de janeiro de 2017

A Emoção Filosófica !




         O Homem é um ser capaz de lidar filosoficamente com a sua própria emoção? O final da modernidade e o início da contemporaneidade foram capazes de tornar a razão mais inteligente emocionalmente? Por onde passa o equilíbrio das decisões sábias? Faz-se necessária mais filosofia para a orientação da vida humana?
         “Qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil”. (ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco)
         Por quantas vezes somos surpreendidos pelo domínio da emoção em detrimento da razão? Adotamos atitudes coléricas sanguíneas em momentos de tensão emocional, incapazes de apaziguar e acalmar, mas gerar violência sem medida, sendo um dos fatores que justificam os mais de 60.000 assassinatos anuais e todos os tipos de violências sem mortes, presentes no Brasil.
         Qual pode ser o real motivo que torna a sociedade brasileira tão violenta? Capaz de cometer tal crime pelos diversos motivos, sem temer as consequências dos próprios atos. Não seria a falta de uma Inteligência Emocional para lidar com as contradições e conflitos existentes na vida?
         Neste contexto social, a Emoção Filosófica tem uma importância fundamental, não é capaz de dar resposta única, mas é capaz de abrir um diálogo, levantar questões e apontar caminhos, fazer o sujeito carente de respostas, buscar o seu próprio caminho.
         Mas como saber se guiar para e pelo próprio caminho? Ter a habilidade da reflexão, do discernimento, da ação edificante? Mesmo que seja contrária aos próprios interesses?
         A formação do ser humano é a resposta, que começa na infância em casa, passa pela escola até a fase adulta e mais importante, continua por toda sua vida. De forma continuada o Homem está em formação, ele é um Ser-aí, nasce, é jogado no mundo com a missão de viver, de se autodeterminar, tornar a sua existência algo útil para sociedade.
Assim, façamos a seguinte reflexão, em um país como o Brasil, com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, onde cada pessoa tem o potencial de ser útil para a sociedade, como seria o Brasil, se esse potencial se materializar?
Essa é a pergunta que devemos tentar responder, que tem como base a educação e permeia toda a vida. Pois, com a enorme violência presente na sociedade brasileira, vivemos o risco de desintegração da civilidade e da segurança, fruto de um desfreio de emoções em nossas próprias vidas e nas das pessoas que nos cercam.
Há na sociedade brasileira uma inépcia emocional, uma banalização da vida, a violência noticiada pelas TV’s e meios de comunicação já não nos afeta, tornamos irracionais para com a vida, como se houvesse uma calamidade da vida emocional partilhada pelos indivíduos.
O cidadão brasileiro deve ser educado para ser dono de si, ter autocontrole, zelo, persistência e a capacidade de automotivação, enfrentar as crises sucessivas e querer viver bem. É a forma de evitar o esgarçamento do tecido social, onde há o egoísmo, a violência e a mesquinhez de espírito que podem banir a bondade das relações humanas.
As posturas éticas fundamentais na vida passam pela emoção. O que está à mercê dos impulsos, o que não tem autocontrole, sofre de uma deficiência moral. A capacidade de controlar os impulsos, a base da força de vontade e do caráter, que produz o autocontrole e a piedade.
Uma Emoção Filosófica pode trazer luz às dúvidas, pode criar uma realidade mais humana, uma racionalidade emocional. Que liberta o Homem dos impulsos emocionais e possibilite o autocontrole. E onde está o primeiro passo? Está na educação, que começa na família e passa pela sociedade. Faz o Homem ter uma visão de si (conhece-te a ti mesmo) e uma visão de mundo (reflexo do próprio Homem), filosofado por Arthur Schopenhauer. “O mundo é a minha representação”.




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