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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Onde Está o Saber Humano?

 
Qual é a natureza do saber humano?
Está no saber prático ou no saber teórico?
Segundo Aristóteles, “os empíricos têm mais sucesso do que os que possuem a teoria sem prática”.
Mas devemos avaliar a fala de Aristóteles: “Quem tem experiência é considerado mais sábio do que quem possui apenas algum conhecimento sensível”.
Para Aristóteles “a sapiência é uma ciência acerca de certos princípios e certas causas”.
A sabedoria do Homem prático é diferente da sabedoria do Homem teórico? : Segundo Aristóteles, “consideramos que o saber e o entender sejam mais próprios da arte do que da experiência, e julgamos os que possuem a arte mais sábios do que os que possuem a experiência, na medida em que estamos convencidos de que a sapiência, em cada um dos homens, corresponda à sua capacidade de conhecer. E isso porque os primeiros conhecem a causa, enquanto os outros não a conhecem. Os empíricos conhecem o puro dado de fato, mas não seu porquê; ao contrário, os outros conhecem o porquê e a causa”.
Existe uma questão em aberto, o conhecimento, a sapiência a cerca das coisas se faz a partir dos sentidos do mundo sensível ou da razão sobre o mundo das ideias?
Segundo Aristóteles, “todos os homens, por natureza tendem a saber. Sinal disso é o amor pelas sensações. De fato, eles amam as sensações por si mesmas, independentemente de sua utilidade a amam, acima de todas, a sensação da visão. E o motivo está no fato de que a visão nos proporciona mais conhecimentos do que todas as outras sensações e nos torna manifestas numerosas diferenças entre as coisas”.
A posição de Aristóteles, que é pelo uso dos sentidos, é divergente da posição de Platão, que é pelo uso da razão, que se adquire à sabedoria o conhecimento. Esta divergência abre espaço para um questionamento filosófico: Por onde o Homem se torna sábio? Pelo uso dos sentidos de forma empírica ou pelo uso da razão de forma teórica? Por onde adquire à sabedoria, o conhecimento?
São questões que partem da antiguidade e estão presentes no mundo contemporâneo, hoje somos mais empiristas, científicos, mas somos mais sábios? O que será que nos falta para sabermos superar os desafios contemporâneos será que é uma dose de racionalidade? Necessitamos voltar a Platão e contemplarmos o mundo das ideias pelo uso da razão? Libertarmo-nos do mundo sensível, que nos faz materialistas ao ponto de esquecermos nossa humanidade? Onde está o ponto de equilíbrio?
 
 


terça-feira, 28 de outubro de 2014

A Violência do Apego e da Traição !

 
Segundo Nilton Bonder, “o ser humano é tensão entre preservação e a transgressão, entre o corpo e a alma, duas formas profundas de desvios podem ocorrer: o apego e a traição. O apego fere a alma da mesma forma que a traição fere o corpo.” Ambas podem gerar violência se exacerbadas ou desiquilibradas. A alma quando violentada, responde pela depressão, o que é uma violência contra a própria vida. O corpo quando violentado, se expressa contra o mundo externo, no ódio e na vingança.
Segundo Nilton Bonder, “o apego ameaça e violenta a integridade de um ser humano da mesma maneira que a traição. É entre esses dois estados de desiquilíbrio que residem nossas grandes dificuldades na vida. Eles estão sempre juntos. Não existe experiência de traição que não venha acompanhada de apego.”
A nossa atenção deve estar voltada para a dinâmica do apego e da traição, pois movimentam nosso corpo e alma, seja de forma natural ou violenta.
Segundo Nilton Bonder, “quando um indivíduo ou mesmo indivíduos que mantém relações afetivas fazem movimentos transgressivos movidos pela alma, são imediatamente confrontados com movimentos de apego pelo corpo.”
Um exemplo ocorre no casamento:
Segundo Nilton Bonder, “um casal vive uma relação de casamento, o desiquilíbrio maior surge quando um dos dois dá um passo à frente em direção a sua vida. Esse passo, que é muito transgressivo em relação à sua situação acomodada, deveria gerar um passo também do cônjuge. Se isso acontecesse, ambos estariam equilibrados e sua dinâmica seria natural. No entanto, o que mais acontece como reação a um passo à frente é que o outro dá um passo para trás. O desiquilíbrio então se estabelece e uma situação não dinâmica atravanca o processo vital. A maioria dos casamentos termina pela recorrência desse ato reflexo.”
 
 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A Importância da Tradição e da Traição !

 
Segundo Nilton Bonder, “tradição é a palavra que veio representar a tarefa do próprio instinto assumida pela consciência humana. O animal moral tem na tradição um instrumento fundamental para a preservação. Já a traição é da ordem da transcendência e transgredir é transcender. Nossa história não teria mártires no campo político, científico, religioso, cultural e artístico caso fosse possível transcender sem colocar em risco a sobrevivência da espécie.”
Segundo Nilton Bonder, “o traidor é um transgressor. É preciso errar, infringir, violar e transgredir o status quo para que possa haver uma transcendência desejada pela própria tradição traída. Da mesma forma que a tradição precisa da traição, que a preservação precisa da evolução, que o acerto de hoje dependeu do erro de ontem, o contrário também é verdadeiro. Porque a evolução só é possível quando existe uma manifestação para ser contestada, aviltada.”
Para que a humanidade caminhe de forma segura, ela depende da tradição, mas utiliza-se da traição para ir além, evoluir, se libertar.
Segundo Nilton Bonder, “O animal de todos nós tem compromisso absoluto com a preservação, seja ela obtida através de ato de preservar ou de mudar.”
A final de contas, o que está em jogo é a preservação da espécie humana, e o ser humano fará de tudo, com todas as suas forças, ações voltadas para a sua preservação, seguirá a tradição até o limite da necessidade de ter que transgredi-la. Assim tanto a tradição como a traição são importantes para a espécie humana. O tradicionalista depende do transgressor, seja para afirmar suas convicções, ou seja, para evoluir.
         Segundo Nilton Bonder, “Não haverá tradição sem traição, nem traição sem tradição, como não pode haver integridade do animal sem evolução, nem evolução sem integridade do animal.”
 
 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Um Político Justo !

 
         Segundo o conto mítico de Gláucon, que é o do “Anel de Giges”. “Giges era um pastor ao serviço de Candaules, o rei da Lídia. Um dia, após um tufão e um terremoto, a terra rasgou-se exatamente no lugar onde ele pastoreava o seu rebanho. Completamente maravilhado, Giges desceu para a abertura e viu, no interior de um cavalo de bronze, um homem enorme sem roupas, mas com um anel de ouro no dedo. Pegou nele e saiu do buraco. Mais tarde, enquanto participava num encontro de pastores, virou o engaste do anel para a parte interna da mão e notou que se tornara invisível, porque os outros pastores falavam dele como se ele tivesse ido embora. Quando virou de novo o anel, ficou visível. Depois de ter verificado que este era o poder do anel, foi ao palácio do rei, invisível a todos, seduziu-lhe a mulher e com a sua ajuda matou o rei e tomou-lhe o trono.” (II 359c – 360b)
         Segundo Glaúcon, “se dois homens, um justo e um injusto, tivessem à disposição este anel, agiriam de maneira exatamente igual, por sua vez, isto demonstra que ninguém é justo voluntariamente, mas só porque é obrigado: No seu íntimo, ninguém considera a justiça um bem, e considera a injustiça muito mais vantajosa.” (II 360b-d)
         Fazendo uma reflexão sobre os tempos atuais, coloco a seguinte pergunta:
Existe um político justo no Brasil?
         Hoje estamos presenciando uma corrida eleitoral pelo cargo da presidência da república, e percebe-se uma divisão política no Brasil, mas também um elevado número de votos bancos e nulos. E fica uma segunda pergunta:
         Qual dos dois candidatos é mais justo?
         Entendo que seja difícil responder esta pergunta, pois vivemos uma realidade cheia de contradições paradoxais. Pois há uma dúvida:
         É possível ser justo na política brasileira?
         Para aprofundarmos a reflexão, faça-se o entendimento de justo como o que é conforme a equidade, à justiça, à razão, à retidão, ao direito. É justo o homem reto, equânime, imparcial, que realiza a justiça em seus atos e em seus julgamentos, e pratica a virtude.
         Já a justiça é a situação virtuosa na qual cada um recebe o que lhe cabe, como resultado de seus atos ou de acordo com os princípios e as leis da sociedade em que vive. Capacidade ou qualidade de ser imparcial ao julgar, e de ser conforme a lei e a ética. Funcionamento harmonioso de uma sociedade, com direitos e deveres iguais para todos os cidadãos.
         Em um futuro próximo espero ter um líder, que seja justo e haja com justiça para ser ter um Brasil mais feliz.

“Quem quiser alcançar um objetivo distante
tem de dar muitos passos curtos.”
(Helmut Schmidt)
 
 
 
 

sábado, 4 de outubro de 2014

A Educação Proibida !

 
         Hoje nos perguntamos onde está a dificuldade da sociedade de lidar com os problemas atuais?
         Acredito que a raiz do problema esteja no modelo de educação vigente, que na sua grande maioria, formam as pessoas para o individualismo, para competição, colocando em segundo plano a cooperação, a coletividade.
         Caso não tenhamos a coragem de rever o modelo educacional vigente, corremos o risco de não nos prepararmos para os desafios, que começam a ser fazer presente e estarão mais visíveis no futuro.
         Teremos problemas sociais de grande escala, a falta de água potável, a falta de alimentos, a falta de saneamento básico, os limitados recursos naturais do globo terrestre, o aumento das catástrofes naturais, a injusta distribuição de renda, a miséria, a pobreza, a questão ecológica e o desenvolvimento sustentável.
         Parece-me, que o ser humano necessita aperfeiçoar e ampliar as suas competências:
a)     Uma maior visão lúdica e lógica da vida.
b)    Ter uma ação com mais cognição.
c)     Construir no caos a ordem.
d)    Os mais sábios (professores) atuarem como mediadores.
e)     Proporcionar mais alimentação, segurança e amor.
f)      Ter uma relação mais fraterna com o outro.
g)     Atuar com responsabilidade e liberdade.
É uma ética de vida, que se aprende no início de sua vida, começa em casa e se estende na escola, para ser colocada em prática no mundo, ou seja, nas relações sociais, sejam privadas ou não.
Assim devemos pensar:

“Estudar não é um ato de consumir ideias,
mas de criá-las e recriá-las.”
(Paulo Freire)

O que mais será cobrado de cada um de nós será a participação, a atitude, a ação, nós não poderemos ser omissos quanto ao presente e mais ainda quanto ao futuro.
E para agirmos, o que mais nos será cobrado?
Ter uma mente aberta, disposta para criar e obter soluções, pois:

“A mente é como um paraquedas,
só funciona quando aberta.”
(Lorde Thomas Dewar)

Estamos diante da necessidade de uma reeducação quanto aos valores, morais, religiosos, filosóficos, políticos, econômicos, sociais, científicos e existenciais. Somos convidados a viver uma “PRÁXIS”, a termos um comportamento existencial coerente com o que conhecemos, acreditamos e pensamos. O discurso terá que ser a ação, o movimento, não haverá espaço para a demagogia, mesmo que as palavras sejam insuficientes, para dizer algo sobre a verdade, a verdade continuará a existir e nos cobrará uma atitude de busca, de aproximação o mais que possível da verdade existencial do ser humano.

“O Mundo Real e as coisas são apenas reflexo
de uma realidade perfeita contida no
Mundo das Ideias!”
(Platão)