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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

A queda do poder de compra do salário-mínimo de 2013 a 2023 é de 46,7% !

 


         O debate sobre o poder de compra do trabalhador deve ser melhor analisado, pois existe uma situação que demonstra uma defasagem no poder de compra em 46,7% em dez anos. Vamos aos fatos e registros históricos:

         Valor da cesta básica em 2013: R$ 318,40 – Média Nacional

         Valor da cesta básica em 2023: R$ 768,61 – Média Nacional

         Aumento de 241,4% da cesta básica em 10 anos.

         Valor do salário-mínimo em 2013: R$ 678,00

         Valor do salário-mínimo em 2023: R$ 1.320,00

         Aumento de 194,7% do salário-mínimo em 10 anos.

         Assim, para sabermos o quanto a renda está defasada é só subtrairmos o percentual de aumento da cesta básica menos o percentual de aumento do salário-mínimo: 241,4% - 194,7% = 46,7%

         Esse é o problema do Brasil, é como se a massa salarial do trabalhador brasileiro diminuísse em 46,7% em dez anos. Pode parecer apenas um índice, mas é como se o mercado interno perdesse 46,7% em poder de compra. É por isso que empreender e ganhar dinheiro no Brasil está difícil, não basta estar barato, precisa estar viável.

         Imaginemos uma hipótese, é como se os 100 milhões de trabalhadores gerassem uma massa salarial de R$ 67.8 bilhões de reais por mês e 813.6 bilhões de reais por ano em 2013. Se o salário-mínimo fosse corrigido pela inflação da cesta básica, os trabalhadores estariam gerando uma massa salarial de R$ 163,66 bilhões de reais por mês e 1.964 trilhões de reais por ano em 2023. Mas, os trabalhadores estão gerando uma massa salarial de R$ 132 bilhões de reais por mês e 1.584 trilhões de reais por ano em 2023. Existe uma perda potencial de 1.964 trilhões de reais por ano - 1.584 trilhões de reais por ano = 380 bilhões por ano.

         Como um país pode crescer de forma sustentável se a massa salarial decresce ano a ano? Este é um debate sério que deve ser feito. Que país a nossa sociedade que conceber, uma país de miseráveis ou um país prospero com uma qualidade de vida para todos?

         Esse é um método simples de analisarmos o que acontece no país, mas esse debate tem que sair da academia e ser aprofundado por economistas que querem a prosperidade do Brasil. Todo trabalhador sente que existe uma defasagem no poder de compra do salário, o custo de vida ficou mais caro, por isso se faz necessário um debate responsável por uma POLÍTICA compra para tonar viável os projetos de atualização e modernização da economia brasileira. Quem faz a economia ser viável e sustentável é o poder de compra do trabalhador.

         A análise é uma reflexão aproximada da realidade, mas se os empresários quiserem ver os seus negócios prosperarem a longo prazo, deveriam começar a avaliar a necessidade de corrigir o poder de compra do trabalhador. Não adianta fazer investimento de bilhões se não tiver consumidores para os produtos e serviços ofertados. O ponto de equilíbrio entre a demanda e a oferta está diretamente ligada ao poder de compra do salário do trabalhador.

Roda Viva | Fernando Haddad | 22/01/2024





domingo, 21 de janeiro de 2024

Assunto Espinhoso, mas Estratégico: Política Salarial !

 


         A sociedade brasileira necessita avançar no debate que representa um assunto espinhoso, mas estratégico para o êxito dos projetos empresariais. Toda empresa, seja ela pública ou privada, só sobrevive a logo prazo, se e somente se tiver uma entrada maior que uma saída de recursos financeiros. Ou seja, as empresas sadias têm lucro nas suas operações.

         O que é capaz de gerar entrada de recursos financeiros para a empresa? É a compra do produto ou serviço por parte do consumidor. O que é capaz de permitir que o consumidor possa comprar produtos ou serviços? É o tamanho da sua renda, que pode ter inúmeras fontes: a ativa (trabalho) e a passiva (investimentos).

         O trabalhador comum tem na maioria das vezes uma fonte de renda, a ativa (trabalho). E esse trabalhador comum que faz a diferença na economia do país, pois representam 50% da população brasileira, um pouco mais de 100 milhões de brasileiros e brasileiras. Essa é a força do trabalhador brasileiro, e é ele que tem nas mãos a capacidade de tornar os investimentos empresariais atrativos e viáveis, a partir do consumo. Façamos um pequeno exercício matemático para demonstrar o quanto a economia brasileira pode se tornar previsível para o investidor.

         A maior parte dos trabalhadores brasileiros têm uma renda média de um a dois salários-mínimos, o que é insuficiente para ter uma vida digna segundo Pesquisa nacional da Cesta Básica de Alimentos do DIEESE, o salário-mínimo ideal deveria ser: Período dezembro de 2023, salário-mínimo nominal R$ 1.320,00 e salário-mínimo necessário R$ 6.439,62. Mas imaginemos que a renda média de 100 milhões cidadãos sejam de R$1.980,00 capaz de gerar uma massa salarial de 198 bilhões de reais mensalmente e 2,3 trilhões de reais anualmente aproximadamente. O que falta então para tornar o retorno financeiro dos futuros investimentos previsíveis e viáveis? Falta uma política salarial...

         Idealizemos uma política salarial para os próximos 10 anos, que venha melhorar a renda o trabalhador, aumentar o consumo e tornar os investimentos viáveis.  A proposta é aumentar anualmente a renda média do trabalhador em 16% a.a., o que pode representar um aumento da massa salarial em 441% em dez anos. Sairíamos do atual 2,3 trilhões de reais a.a. para o potencial de 10,14 trilhões de reais a.a.

         A lógica é que o aumento da massa salarial em dez anos é capaz de viabilizar e tornar lucrativo muitos projetos de investimento e atrelado a este potencial resultado, o Estado pode vir a aumentar a sua receita tributária e se tornar superavitário, capaz de cumprir as suas obrigações.

         O debate sobre o aumento da massa salarial no Brasil parece ser um tabu, pois pouco se fala como uma estratégia para tornar a economia do país perene, previsível, segura e sustentável para o investidor. Porque a pergunta que um empreendedor faz par tornar o seu empreendimento viável é se existe consumidor para o seu produto ou serviço. Se não houver consumidor, o investidor pode alocar todo dinheiro do mundo e não terá êxito. Esta é uma dura realidade que deve ser debatida no país, pois só assim, encontraremos caminhos para tornar a economia do Brasil viável a curto, médio e longo prazo. Como esta questão é de interesse dos trabalhadores, cabe aos sindicatos dos trabalhadores iniciarem este debate a nível nacional, pois o que está em jogo é o futuro do país e o bem-estar da população. Na medida que for capaz de demonstrar as possibilidades de retorno e o ganho dos investidores, os sindicatos patronais também entraram no debate para melhorar a proposta de uma política salarial, que torne interessante para todos envolvidos: o Estado, o investidor e os trabalhadores. Essa ação não é um sonho, mas uma estratégia para um futuro possível. As desigualdades socioeconômicas podem ser superadas com atitudes criativas, que tragam segurança, paz e felicidade para a nação brasileira.

O poder de uma boa política salarial !



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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Plano Safra Indústria 2024/2025 com financiamento de R$800 bilhões !!!

 

         O Brasil pode criar uma política de Estado para a indústria nacional, este setor que foi muito importante no passado para a construção do país, pode voltar a crescer e sorrir, gerando investimento, emprego e elevar a arrecadação de impostos do Estado brasileiro. Qual seria o efeito multiplicador de cara R$1,00 investido na INDÚSTRIA BRASILEIRA? Quanto emprego pode ser gerado? Quanta inovação tecnológica? Quantas oportunidades de negócios podem ser geradas na sociedade? Todos podem ganhar, empregadores, empregados e o Estado.

         Os recursos vão apoiar a produção industrial nacional. O plano incentiva o fortalecimento dos sistemas de produção ambientalmente sustentáveis. Os recursos financeiros são destinados para apoiar a produção industrial de grandes, médias e pequenas indústrias ao longo do ano de 2025.

         O Plano incentiva o fortalecimento dos sistemas de produção industrial sustentável, com redução das taxas de juros para as indústrias que geram emprego com salários diferenciados, investe em treinamento e formação de mão-de-obra especializada, investe em Projeto & Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia vinculadas aos Institutos de Pesquisa Públicas e Privadas, Universidades Públicas e Privadas, com o objetivo de gerar inovação tecnológica.

         Existe um paradigma que deve ser seguido, um conceito utilizado pela Ford no início de sua formação e razão para o seu sucesso: “Criarei um produto que o meu colaborador possa comprar”. Para haver aumento da produção, tem que haver aumento do consumo e para haver aumento do consumo tem que haver aumento do salário do colaborador, por isso que participar do Plano, a indústria tem que ter uma proposta de pagar salários diferenciados para os seus colaboradores, um exemplo já praticado pela Natura.

         O Plano Safra Indústria 2024/2025 com financiamento de R$800 bilhões tem que ser construído por três atores: o empregador, os empregados e o Estado. Os empregadores têm as suas entidades de classe que os representam, os empregados têm os sindicatos que os representam e o Estado tem os Três Poderes que o representa. Deve haver um período de negociação entre as partes, para a acomodação dos interesses de cada um. O Plano tem o potencial de virar a página da Indústria no Brasil. A sociedade brasileira está carente, que se tiver uma melhoria do nível socioeconômico pode gerar um novo padrão de desenvolvimento para o país.

         Para a indústria brasileira sair da crise, só tem um caminho: OUSAR. Algo que está no DNA de todo empreendedor, o imposto que é gerado pela indústria não pode estar apenas a serviço do pagamento dos juros da dívida pública e a máquina do Estado, mas também deve ser destinado para o desenvolvimento sustentável do país. Por isso, o Plano Safra da Indústria deve ser uma política de Estado, o setor industrial deve cobrar anualmente o Plano, para poder planejar investimentos e prever os resultados. Ainda tem o setor de serviços, mas antes deve-se consolidar o Plano Safra da Indústria.

         O Brasil pode mudar muito e começar a reter talentos que anualmente migram para outros países em busca de oportunidades melhores. Uma vez consolidado o Plano Safra da Indústria, deve-se criar uma Plano Safra do Setor de Serviços, e quando consolidado os três planos: Plano Safra do Campo, Pano Safra da Indústria e Plano Safra do setor de Serviços devem se articular e funcionar de forma integrada, gerando oportunidades de negócios, empregos, aumento da renda e aumento da receita tributária, proporcionando a materialização de uma Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável. O Brasil pode, o que falta para ser feito? Se for concretizado, é uma virada de página do Brasil.

A inversão de prioridades do Estado brasileiro, por Eduardo Giannetti



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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

O Brasil merece uma virada de página !

 


         O maior debate econômico no Brasil ocorre entorno da visão econômica de direita e a visão econômica de esquerda, só que o Brasil merece uma virada de página. Deve-se responder as seguintes perguntas: O que o povo brasileiro precisa? Ele precisa ser próspero no seu trabalho, isso inclui empregadores e empregados. Para que o povo brasileiro precisa ser próspero? Para elevar o bem-estar da população, seja empregador ou empregado. As nossas lideranças políticas acreditam que estes ideais são possíveis de ser alcançados? Através de atitude, muito trabalho e uma mudança de mind set, uma mudança de mentalidade.

         A esquerda precisa entender que o lucro de um empreendimento é fruto de uma técnica contábil que tornar o processo da vida sustentável e viável, ou seja, a receita maior que a despesa permite um resultado superavitário capaz de proporcionar mais investimentos. A direita precisa aprender melhor a destinar o lucro que se obtém com os empreendimentos, ou seja, aceitar que uma parcela deve retornar à sociedade na forma de investimento, para torná-la mais próspera e justa. Os investimentos importantes são: moradia, saúde, educação, pesquisa, ciência e tecnologia.

         O Brasil merece virar a página de sua própria história e se permitir que se torne uma país próspero para todo cidadão. Se o Estado fizer a sua parte através de políticas públicas e focar nos investimentos importantes, poderá gerar oportunidades de negócios e atrair a iniciativa privada, com a também geração de novos empregos formais com carteira assinada. O lucro de um empreendimento quando bem empregado é uma benção, permite que se criem oportunidades de negócios.

         A pergunta que se faz: onde o Estado está sinalizando as novas oportunidades de negócios para os empreendedores? E onde estão sendo sinalizadas novas oportunidades de trabalho para os colaboradores? O Brasil está diante de sua maior oportunidade de desenvolvimento no século XXI, a economia verde fundamentada na revolução científico tecnológica. As possibilidades são inúmeras, o que está faltando para começarmos a virar a página do Brasil e nos tornarmos um país próspero? A oportunidade está na nossa frente, precisamos iniciar o processo a partir de uma base superavitária e responsável, para gerar a esperança, confiança e credibilidade para atrair o empreendedor (investidor).

         As possibilidades são muito maiores se os investidores se sentirem atraídos pelo Brasil na nova economia verde, do que o Estado ficar lutando por migalhas tributárias, que não serão capazes de mudar a realidade estrutural do país. Precisamos de líderes que pensem para além das ideologias de direita ou de esquerda. O Brasil merece uma virada de página e encontrar o caminho da prosperidade duradoura e sustentável. E para isso precisamos responder duas perguntas: Por que se deve fazer isso? Para que se deve fazer isso? Se buscarmos as respostas no íntimo de nossos corações, nós iremos nos surpreender com as respostas, veremos que a busca é semelhante para todas as pessoas bem-intencionadas, que quer viver em uma país onde o povo seja realmente feliz.

História econômica do Brasil até 1930 !


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sábado, 5 de agosto de 2023

Um “Salário Verde” para uma “Economia Verde” !

 


         O modelo econômico mundial está em transição, saindo da “Economia Suja” com base nos combustíveis fósseis para uma “Economia Verde” com base nos combustíveis renováveis limpos que possibilitam a sustentabilidade no processo de extração, produção, consumo e reaproveitamento. O maior desafio é criar um mercado consumidor “Verde”, ou seja, uma renda, um “Salário Verde” que possibilite a circulação de bens e serviços de forma sustentável e circular.

         Um exemplo: o preço mais barato do automóvel a combustão no Brasil em 2023 é: Renault Kwid Zen 1.0 - R$ 68.990 e Fiat Mobi Like 1.0 - R$ 68.990. São automóveis com motores criados a partir da “Economia Suja”. Já o preço mais barato do automóvel elétrico no Brasil em 2023 é: Caoa Chery iCar - R$ 119.990. É um automóvel elétrico com motor criado a partir da “Economia Verde”, então, para que a indústria da “Economia Verde” possa prosperar, terá que criar um “Salário Verde” para o trabalhador ter capacidade de consumo dos seus produtos gerados pela “Economia Verde”, pois a diferença de preço do automóvel com motor a combustão e o automóvel com motor elétrico é de 42,5%. Se comprar um automóvel zero com motor a combustão é difícil para classe média, imagine comprar um automóvel elétrico zero Km porque não basta comprar o automóvel, tem que ter uma renda para pagar o IPVA e o Seguro do Carro. 

         A “Economia Verde” não significa redução do custo dos produtos, serviços e salários, mas a necessidade de um reajustamento da nova realidade que surge. A “Economia Verde” só será sustentável se tiver um mercado consumido adequado para as suas necessidades e expectativas, pois o maior ganho para a sociedade é a geração de valor onde todo produto e serviço da “Economia Verde” agrega valor para a sociedade, elevando a padrão de vida de todos com o aumento da renda e do “Salário Verde”.

         A lógica da “Economia Verde” não é a redução de custo, mas a “Geração de Valor”, agregando valor ao produto e serviço que torna sustentável e viável a própria “Economia Verde”. Acredito que os consumidores estão preparados para fazerem uma opção por produtos e serviços da “Economia Verde”, só precisam ter uma renda ou salário que possibilite realizar o sonho da compra de produtos ou serviços socialmente e ambientalmente responsáveis. O próximo desafio para a “Economia Verde” é criar “Salários Verdes”, que crie um mercado consumidor “Verde”.

Economia Verde



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domingo, 11 de junho de 2023

São Paulo: duas cidades em uma !

Segundo Marx e Engels, a cidade ocidental moderna é resultado da sociedade capitalista, o local da produção e reprodução do capital. [...] “A história de qualquer sociedade até nossos dias é a história da luta de classes” (Manifesto Comunista/1848). Sendo assim, a cidade é formada a partir de uma comunidade social que a partir daqueles que ocupam o mesmo território geográfico, onde há uma relação de dependência entre seus membros que torna possível a garantia e a sobrevivência, ao viverem, trabalharem e realizarem as atividades básicas da vida.


Trazendo a questão próxima de nossa realidade, há muito tempo vivenciamos nas grandes cidades do país a reprodução da miséria e da degradação da classe trabalhadora, de baixa renda, como no século XIX na Inglaterra.

O desenvolvimento e o crescimento das grandes cidades brasileiras ocorreram a partir do processo de industrialização tardia, no início do século XX. E com maior ênfase a partir dos anos 50, onde o Brasil incentiva a indústria automobilística, e constrói uma infraestrutura nacional de transporte, com ruas, avenidas e estradas que influenciam no planejamento urbano das grandes cidades. Amplas áreas do solo foram impermeabilizadas, a especulação imobiliária fez surgir áreas “nobres” destinadas a população de alta renda que passaram a morar bem, em casas de alto padrão. Já a população de baixa renda passou a morar em casas de construção precária e em regiões onde o preço da terra fosse mais baixo. Nesse sentido faltou políticas públicas que direcionassem o planejamento urbano das grandes cidades, com o objetivo de promover a inclusão social para todos. O que há na prática é um mal uso do espaço, elevando o custo dos serviços públicos de transporte, pois a população passa a ser dependente deste serviço para se deslocar da casa para o trabalho e do trabalho para a casa. O atual cenário inviabiliza a escala humana em cidades e bairros planejados, pois a população se tornar dependente de automóveis, desvalorizando as outras formas de transporte E para podermos compreender melhor o conceito de escala humana, nós podemos definir como:

[...] “A escala humana é a expressão que descreve a organização de uso e ocupação do solo pela qual é possível fazer deslocamentos a pé ou de bicicleta, reunir geograficamente residência, trabalho, negócios e lazer sem a necessidade de grandes infraestruturas de mobilidade e respeitar os usos tradicionais e as feições topográficas do espaço.” (MENEZES, 2020. p. 149)

     A cidade de São Paulo é uma das cidades mais ricas do Brasil, com a seguinte característica: população numerosa, densamente assentada e heterogênea. Porém tem enormes desafios a superar a partir dos efeitos de sua urbanização, como: diminuir as desigualdades sociais, violência, questões que envolve o meio ambiente, segurança, melhor distribuição de renda, as relações sociais, crime, tolerância, poluição ambiental, trabalho, política, vida familiar e tornar-se enfim, uma cidade inclusiva da classe social de menor poder econômico. O maior desafio é a enorme desigualdade socioeconômica, onde a classe social de menor poder econômico não está incluída no seu projeto de desenvolvimento urbano. O que o Estado e a sociedade civil organizada podem fazer para mudar esta realidade? Quais políticas públicas poderiam ser implementadas para tornar São Paulo uma cidade inclusiva?

  


Foto de Tuca Vieira que mostra Paraisópolis e prédio de luxo do Morumbi rodou o mundo e virou símbolo da desigualdade social

O ideal de uma cidade justa permite ao cidadão, o sujeito a oportunidade de viver na cidade, exercer a sua cidadania, sendo investido de direitos civis como a liberdade para se expressar, ser informado, reunir, organizar-se e locomover-se. Exercer os direitos políticos de ter direito a votar e disputar cargos em eleições livres. Estar incluído e investido de direitos socioeconômicos, como bem-estar, segurança social, emprego, renda, a sindicalização e a livre iniciativa.

A cidade de São Paulo está longe de ser uma cidade que promove a justiça social e a cidadania que garanta os direitos socioeconômicos para todos os cidadãos. Existem grupos sociais que são nela incluídos e excluídos. O exemplo que demonstra tal realidade é a foto imagem do fotógrafo Tuca Vieira que mostra a favela de Paraisópolis de um lado e edifícios luxuosos da região do Morumbi de outro, formando uma cruel imagem de antagonismos. Estas são áreas localizadas no município de São Paulo. Existem bairros dentro do próprio bairro, que apresentam uma grande desigualdade social demonstrando claramente que há uma enorme diversidade estrutural. Fazendo da cidade de São Paulo possuidora de duas realidades. A esse respeito Menezes cita: o caminho para a superação deste desafio passa pela reconstrução de zonas desassistidas pelo poder público e incluí-las no planejamento da cidade.

A valorização do bairro de uma cidade pode ser feita a partir dos princípios da distribuição de renda definido como:

[...] “Considera-se bairro uma seção da cidade usualmente tratada pelos cidadãos e pelo poder público como uma unidade assim identificada, uma coleção de vizinhanças geograficamente próximas que formam por si só um universo em escala diminuta do que é a cidade no seu todo. O bairro compreende, em seu interior, residências, comércio, serviços, áreas de lazer e infraestrutura (que, idealmente, inclui rede viária, elétrica, pluvial, de esgotamento) e coincide aproximadamente com a área de abrangência dos equipamentos urbanos ali localizados (escolas, hospitais, corpo de bombeiros, delegacia de polícia, estações de transporte coletivo etc.) O bairro, com suas interações e sobreposições, é algo semelhante a uma pequena cidade dentro da cidade.” (MENEZES, 2020. p. 145)

                   Uma comunidade com distribuição de renda igualitária é composta por famílias que vivem em comunidade, próximas entre si e realizam trocas comerciais e de serviços sem a necessidade de grandes deslocamentos. Existe uma abundância de pequenas empresas comerciais, como: mercados, padarias, boutiques, cafés, barbearias e salões de beleza, lojas de roupas e acessórios, mercearias, lavanderias, pet shops, lojas de eletrônicos e celulares, restaurantes, bares e distribuidoras, açougues, provedores de serviços técnicos e profissionais liberais, um microcosmo da vida urbana. O bairro não pode ser unicamente residencial, tem que permitir que as famílias, sejam unidades social e econômicas. O objetivo é que haja o uso misto dos lotes urbanos de forma residencial e comercial, onde o homem comum exerça a sua cidadania e gere um valor social e coletivo para a comunidade.

A rápida inovação digital tem transformado a economia contemporânea, o que permite a geração de novos modelos de negócios. Pequenos negócios são abertos com extrema facilidade através do uso de plataformas digitais, dinamizando o dia a dia das comunidades. Permitindo o surgimento e o crescimento de uma economia mais solidária, focadas nos mercados de produção e consumo locais.

Um exemplo bem-sucedido de transformação local é a rua Carlos Weber, Vila Leopoldina, São Paulo – SP, no curso de vinte anos foram construídos inúmeros empreendimentos imobiliários, que gerou uma maior densidade demográfico, o que possibilitou o nascimento e o desenvolvimento de inúmeros empreendimentos comerciais. As pessoas que residem nesta rua podem solucionar suas necessidades imediatas sem terem que realizar grandes deslocamentos. O problema é que este mesmo movimento não ocorre em áreas onde reside a população de baixa renda, parece haver uma falta de políticas públicas por parte do Estado, que incentive e viabilize o investimento da iniciativa privada.

O Brasil tem que fazer das suas mazelas a oportunidade para crescer e se desenvolver, se reinventar, criar políticas públicas que atenda todas as classes sociais. O planejamento urbano de uma cidade deve contemplar a todos, e incentivar e viabilizar a ação da iniciativa privada. A ação do Capital pode ser integradora e proporcionar uma maior e melhor qualidade de vida para o cidadão. A cidade do futuro é a cidade que mais qualidade de vida gera para a sua comunidade. A transformação é possível e o cidadão deve cobrar do poder público a ação.

O Brasil pode usar do seu capital natural para recriar as suas cidades, inseri-las no novo modelo de desenvolvimento sustentável, a “ECONOMIA VERDE”, de base científica tecnológica, com a geração de renda e emprego para a população. O papel do Estado é tornar o capital um instrumento integrador, regular a competição e taxar o lucro, destinando os impostos para políticas públicas que tenham como objetivo o desenvolvimento sustentável. O problema não está no lucro que o capital gera, mas onde e como o lucro é destinado. Parte do lucro deve voltar para a sociedade na forma de bens e serviços, criando um círculo virtuoso.

O século XXI tem que ser marcado pela superação do antagonismo entre o capitalismo e o socialismo, e passarem a cooperar através do novo modelo de condução da vida econômica, a distribuição de renda igualitária, uma economia para além do capitalismo e do socialismo. A valorização e priorização do pequeno, da cultura local e do mundo doméstico. Um Estado que cria e projeta uma demanda, e leis que assegure a livre iniciativa e o respeito dos bens e direitos dos cidadãos.

São Paulo é o que é a partir de uma origem, tem uma história repleta de acertos e erros, que diz o que ela é. Neste momento não cabe olhar para os problemas e não ver uma solução, pelo contrário, olhar para os problemas e ver uma oportunidade. Nesta direção, o “DISTRIBUTISMO” torna-se uma ideologia que apresenta caminhos, não aponta para a direita e nem para a esquerda, mas para frente. A utopia de uma sociedade mais justa, inclusiva e feliz não está morta, cabe as pessoas buscarem a partir de cada um a solução que tanto sonha. Nesse sentido a educação é fundamental e de extremo valor. O Brasil é um país de dimensão continental, rico em recursos naturais, com o potencial de proporcionar ao seu povo uma elevada qualidade de vida, o que falta às pessoas, é buscar a partir da própria realidade, as respostas para os desafios que a vida apresenta.

Fonte:

DA SILVA, Alessandro Garcia e DO NASCIMENTO, Rhuan Reis (orgs). Distributismo: economia para além do capitalismo e do socialismo – 1. ed. – Curitiba: Appris, 2020. 

Distributismo


Talvez você seja distributista (e não saiba)


Exemplos de Distributismo


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sábado, 22 de abril de 2023

Welfare States Verde a Moda Brasileira !

 


         O Brasil pode liderar a implantação de um o Estado do Bem-estar Social Verde (Welfare State Verde a Moda Brasileira). O país necessita de respostas políticas à crise social instalada, sobretudo o desemprego, abrindo assim espaço para a mudança na ordem de ação do Estado, no que diz respeito a questão econômica.

         A inspiração parte do modelo do Estado do Bem-estar Social:

“Serviu como uma rede de proteção social contra os rigores e excessos da competição concorrencial. O consenso reinante na época falava da incapacidade de a política liberal dar conta das grandes questões sociais”. Carmo, Paulo Sérgio (1997 p.33) 

         Passa-se da economia política a uma política econômica propriamente dita (economia orientada e direcionada pelo Estado), mantendo os direitos de liberdade como fundamento da constituição.

O que significa que a economia capitalista e a livre concorrência, inclusive dos salários pagos aos trabalhadores no território em questão, não atuaria sem um certo controle e direcionamento estatal.

Nesse momento o Estado passa a ser visto como necessário para regulamentar decisões econômicas, direcionando o capital de particulares e os rumos econômicos da nação, opondo-se assim a ideia de Estado Mínimo, presente no ideário do Estado Liberal.

Significa um maior controle da esfera econômica, uma ação estatal de cunho social uma vez que parte desta produção livre, mas direcionada, seria taxada, através de impostos, os quais seriam distribuídos em diferentes áreas sociais, entre elas, sobretudo a educação, a saúde pública e o transporte. Sendo o sentido mais próximo do chamado Estado Providência.

A inovação está no investimento e promoção da iniciativa privada em direção a “Economia Verde”, de base científica tecnológica a partir do investimento maciço na educação da população, o que permite o surgimento de oportunidades de renda e salários de qualidade para os empreendedores e trabalhadores envolvidos.

Portanto a política de Estado passa a atuar na área social e na “ECONOMIA VERDE” aumentando consideravelmente as possibilidades de trabalho e consumo das classes trabalhadoras, diminuindo em grande parte situações de miséria e equacionando um nível de vida altamente satisfatório.

A intensa acumulação tecnológica ocorrida em menos de meio século revolucionou a base técnica e o processo produtivo (Quarta Revolução Industrial) com impactos significativos sobre o trabalho humano. Novas demandas de qualificação humana são requeridas pela nova base produtiva, que induzem a força de trabalho a se adaptar constantemente às novas exigências técnicas. Ocorrem, mudanças no conteúdo, quantidade e qualidade do trabalho direcionado pela microeletrônica, biotecnologia e engenharia genética, internet, computação etc.

A “Economia Verde” é a grande oportunidade de desenvolvimento sustentável no século XXI. A pacificação entre a relação do capital e trabalho deve ser mediada pela ação do Estado, não há como ser um país rico sem a solução da miséria e da fome. O tem espaço e recursos naturais, o que falta é uma ação inovadora por parte do Estado, que defina um norte e coloque a economia na direção da construção de uma sociedade mais justa e próspera.

Fonte:

SANTOS, Lia Mara Dib Ferreira. Teoria Política Contemporânea. Lia Mara Dib Ferreira. Santos, 2015. 128 f. Universidade Metropolitana de Santos, Ciências Sociais, 2015.

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