Vamos conversar da vida, das singularidades, possibilidades, construir conceitos, encontrar caminhos que possam auxiliar nas questões existenciais e realizarmos trocas e reflexões.
O debate sobre o poder de compra do
trabalhador deve ser melhor analisado, pois existe uma situação que demonstra
uma defasagem no poder de compra em 46,7%em dez anos. Vamos aos fatos e registros históricos:
Valor da cesta básica em 2013: R$ 318,40
– Média Nacional
Valor da cesta básica em 2023: R$ 768,61
– Média Nacional
Aumento de 241,4% da cesta
básica em 10 anos.
Valor do salário-mínimo em 2013: R$ 678,00
Valor do salário-mínimo em 2023: R$
1.320,00
Aumento de 194,7% do
salário-mínimo em 10 anos.
Assim, para sabermos o quanto a renda
está defasada é só subtrairmos o percentual de aumento da cesta básica menos o
percentual de aumento do salário-mínimo: 241,4% - 194,7% = 46,7%
Esse é o problema do Brasil, é como se
a massa salarial do trabalhador brasileiro diminuísse em 46,7%em dez anos. Pode
parecer apenas um índice, mas é como se o mercado interno perdesse 46,7%em poder de
compra. É por isso que empreender e ganhar dinheiro no Brasil está difícil, não
basta estar barato, precisa estar viável.
Imaginemos uma hipótese, é como se os
100 milhões de trabalhadores gerassem uma massa salarial de R$ 67.8 bilhões de
reais por mês e 813.6 bilhões de reais por ano em 2013. Se o salário-mínimo
fosse corrigido pela inflação da cesta básica, os trabalhadores estariam
gerando uma massa salarial de R$ 163,66 bilhões de reais por mês e 1.964 trilhões
de reais por ano em 2023. Mas, os trabalhadores estão gerando uma massa
salarial de R$ 132 bilhões de reais por mês e 1.584 trilhões de reais por ano
em 2023. Existe uma perda potencial de 1.964 trilhões de reais por ano - 1.584 trilhões
de reais por ano = 380 bilhões por ano.
Como um país pode crescer de forma
sustentável se a massa salarial decresce ano a ano? Este é um debate sério que
deve ser feito. Que país a nossa sociedade que conceber, uma país de miseráveis
ou um país prospero com uma qualidade de vida para todos?
Esse é um método simples de analisarmos
o que acontece no país, mas esse debate tem que sair da academia e ser
aprofundado por economistas que querem a prosperidade do Brasil. Todo
trabalhador sente que existe uma defasagem no poder de compra do salário, o custo
de vida ficou mais caro, por isso se faz necessário um debate responsável por
uma POLÍTICA compra para tonar viável os projetos de atualização e modernização
da economia brasileira. Quem faz a economia ser viável e sustentável é o poder
de compra do trabalhador.
A análise é uma reflexão aproximada da
realidade, mas se os empresários quiserem ver os seus negócios prosperarem a
longo prazo, deveriam começar a avaliar a necessidade de corrigir o poder de
compra do trabalhador. Não adianta fazer investimento de bilhões se não tiver
consumidores para os produtos e serviços ofertados. O ponto de equilíbrio entre
a demanda e a oferta está diretamente ligada ao poder de compra do salário do
trabalhador.
A sociedade brasileira necessita
avançar no debate que representa um assunto espinhoso, mas estratégico para o
êxito dos projetos empresariais. Toda empresa, seja ela pública ou privada, só
sobrevive a logo prazo, se e somente se tiver uma entrada maior que uma saída
de recursos financeiros. Ou seja, as empresas sadias têm lucro nas suas
operações.
O que é capaz de gerar entrada de recursos
financeiros para a empresa? É a compra do produto ou serviço por parte do consumidor.
O que é capaz de permitir que o consumidor possa comprar produtos ou serviços?
É o tamanho da sua renda, que pode ter inúmeras fontes: a ativa (trabalho) e a
passiva (investimentos).
O trabalhador comum tem na maioria das
vezes uma fonte de renda, a ativa (trabalho). E esse trabalhador comum que faz
a diferença na economia do país, pois representam 50% da população brasileira, um
pouco mais de 100 milhões de brasileiros e brasileiras. Essa é a força do
trabalhador brasileiro, e é ele que tem nas mãos a capacidade de tornar os
investimentos empresariais atrativos e viáveis, a partir do consumo. Façamos um
pequeno exercício matemático para demonstrar o quanto a economia brasileira
pode se tornar previsível para o investidor.
A maior parte dos trabalhadores
brasileiros têm uma renda média de um a dois salários-mínimos, o que é
insuficiente para ter uma vida digna segundo Pesquisa nacional da Cesta Básica
de Alimentos do DIEESE, o salário-mínimo ideal deveria ser: Período dezembro de
2023, salário-mínimo nominal R$ 1.320,00 e salário-mínimo necessário R$
6.439,62. Mas imaginemos que a renda média de 100 milhões cidadãos sejam de R$1.980,00
capaz de gerar uma massa salarial de 198 bilhões de reais mensalmente e 2,3
trilhões de reais anualmente aproximadamente. O que falta então para tornar o
retorno financeiro dos futuros investimentos previsíveis e viáveis? Falta uma
política salarial...
Idealizemos uma política salarial para
os próximos 10 anos, que venha melhorar a renda o trabalhador, aumentar o
consumo e tornar os investimentos viáveis. A proposta é aumentar anualmente a renda média
do trabalhador em 16% a.a., o que pode representar um aumento da massa salarial
em 441% em dez anos. Sairíamos do atual 2,3 trilhões de reais a.a. para o
potencial de 10,14 trilhões de reais a.a.
A lógica é que o aumento da massa
salarial em dez anos é capaz de viabilizar e tornar lucrativo muitos projetos
de investimento e atrelado a este potencial resultado, o Estado pode vir a
aumentar a sua receita tributária e se tornar superavitário, capaz de cumprir
as suas obrigações.
O debate sobre o aumento da massa
salarial no Brasil parece ser um tabu, pois pouco se fala como uma estratégia
para tornar a economia do país perene, previsível, segura e sustentável para o
investidor. Porque a pergunta que um empreendedor faz par tornar o seu
empreendimento viável é se existe consumidor para o seu produto ou serviço. Se
não houver consumidor, o investidor pode alocar todo dinheiro do mundo e não
terá êxito. Esta é uma dura realidade que deve ser debatida no país, pois só
assim, encontraremos caminhos para tornar a economia do Brasil viável a curto,
médio e longo prazo. Como esta questão é de interesse dos trabalhadores, cabe
aos sindicatos dos trabalhadores iniciarem este debate a nível nacional, pois o
que está em jogo é o futuro do país e o bem-estar da população. Na medida que
for capaz de demonstrar as possibilidades de retorno e o ganho dos
investidores, os sindicatos patronais também entraram no debate para melhorar a
proposta de uma política salarial, que torne interessante para todos
envolvidos: o Estado, o investidor e os trabalhadores. Essa ação não é um
sonho, mas uma estratégia para um futuro possível. As desigualdades socioeconômicas
podem ser superadas com atitudes criativas, que tragam segurança, paz e
felicidade para a nação brasileira.
O Brasil pode criar uma política de
Estado para a indústria nacional, este setor que foi muito importante no
passado para a construção do país, pode voltar a crescer e sorrir, gerando
investimento, emprego e elevar a arrecadação de impostos do Estado brasileiro.
Qual seria o efeito multiplicador de cara R$1,00 investido na INDÚSTRIA BRASILEIRA? Quanto
emprego pode ser gerado? Quanta inovação tecnológica? Quantas oportunidades de
negócios podem ser geradas na sociedade? Todos podem ganhar, empregadores,
empregados e o Estado.
Os recursos vão apoiar a produção
industrial nacional. O plano incentiva o fortalecimento dos sistemas de
produção ambientalmente sustentáveis. Os recursos financeiros são destinados
para apoiar a produção industrial de grandes, médias e pequenas indústrias ao
longo do ano de 2025.
O Plano incentiva o fortalecimento dos
sistemas de produção industrial sustentável, com redução das taxas de juros para
as indústrias que geram emprego com salários diferenciados, investe em
treinamento e formação de mão-de-obra especializada, investe em Projeto &
Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia vinculadas aos Institutos de Pesquisa Públicas
e Privadas, Universidades Públicas e Privadas, com o objetivo de gerar inovação
tecnológica.
Existe um paradigma que deve ser
seguido, um conceito utilizado pela Ford no início de sua formação e razão para
o seu sucesso: “Criarei um produto que o meu colaborador possa comprar”. Para
haver aumento da produção, tem que haver aumento do consumo e para haver
aumento do consumo tem que haver aumento do salário do colaborador, por isso
que participar do Plano, a indústria tem que ter uma proposta de pagar salários
diferenciados para os seus colaboradores, um exemplo já praticado pela Natura.
O Plano Safra Indústria 2024/2025 com financiamento
de R$800 bilhões tem que ser construído por três atores: o empregador, os empregados
e o Estado. Os empregadores têm as suas entidades de classe que os representam,
os empregados têm os sindicatos que os representam e o Estado tem os Três
Poderes que o representa. Deve haver um período de negociação entre as partes,
para a acomodação dos interesses de cada um. O Plano tem o potencial de virar a
página da Indústria no Brasil. A sociedade brasileira está carente, que se
tiver uma melhoria do nível socioeconômico pode gerar um novo padrão de
desenvolvimento para o país.
Para a indústria brasileira sair da
crise, só tem um caminho: OUSAR. Algo que está no DNA de todo empreendedor, o
imposto que é gerado pela indústria não pode estar apenas a serviço do
pagamento dos juros da dívida pública e a máquina do Estado, mas também deve
ser destinado para o desenvolvimento sustentável do país. Por isso, o Plano
Safra da Indústria deve ser uma política de Estado, o setor industrial deve
cobrar anualmente o Plano, para poder planejar investimentos e prever os resultados.
Ainda tem o setor de serviços, mas antes deve-se consolidar o Plano Safra da
Indústria.
O Brasil pode mudar muito e começar a
reter talentos que anualmente migram para outros países em busca de
oportunidades melhores. Uma vez consolidado o Plano Safra da Indústria, deve-se
criar uma Plano Safra do Setor de Serviços, e quando consolidado os três planos:
Plano Safra do Campo, Pano Safra da Indústria e Plano Safra do setor de
Serviços devem se articular e funcionar de forma integrada, gerando
oportunidades de negócios, empregos, aumento da renda e aumento da receita
tributária, proporcionando a materialização de uma Plano Nacional de
Desenvolvimento Sustentável. O Brasil pode, o que falta para ser feito? Se for
concretizado, é uma virada de página do Brasil.
O maior debate econômico no Brasil
ocorre entorno da visão econômica de direita e a visão econômica de esquerda, só
que o Brasil merece uma virada de página. Deve-se responder as seguintes
perguntas: O que o povo brasileiro precisa? Ele precisa ser próspero no seu
trabalho, isso inclui empregadores e empregados. Para que o povo brasileiro
precisa ser próspero? Para elevar o bem-estar da população, seja empregador ou
empregado. As nossas lideranças políticas acreditam que estes ideais são
possíveis de ser alcançados? Através de atitude, muito trabalho e uma mudança
de mind set, uma mudança de mentalidade.
A esquerda precisa entender que o lucro
de um empreendimento é fruto de uma técnica contábil que tornar o processo da
vida sustentável e viável, ou seja, a receita maior que a despesa permite um
resultado superavitário capaz de proporcionar mais investimentos. A direita
precisa aprender melhor a destinar o lucro que se obtém com os empreendimentos,
ou seja, aceitar que uma parcela deve retornar à sociedade na forma de
investimento, para torná-la mais próspera e justa. Os investimentos importantes
são: moradia, saúde, educação, pesquisa, ciência e tecnologia.
O Brasil merece virar a página de sua
própria história e se permitir que se torne uma país próspero para todo
cidadão. Se o Estado fizer a sua parte através de políticas públicas e focar nos
investimentos importantes, poderá gerar oportunidades de negócios e atrair a
iniciativa privada, com a também geração de novos empregos formais com carteira
assinada. O lucro de um empreendimento quando bem empregado é uma benção,
permite que se criem oportunidades de negócios.
A pergunta que se faz: onde o Estado
está sinalizando as novas oportunidades de negócios para os empreendedores? E onde
estão sendo sinalizadas novas oportunidades de trabalho para os colaboradores?
O Brasil está diante de sua maior oportunidade de desenvolvimento no século
XXI, a economia verde fundamentada na revolução científico tecnológica. As
possibilidades são inúmeras, o que está faltando para começarmos a virar a
página do Brasil e nos tornarmos um país próspero? A oportunidade está na nossa
frente, precisamos iniciar o processo a partir de uma base superavitária e
responsável, para gerar a esperança, confiança e credibilidade para atrair o empreendedor
(investidor).
As possibilidades são muito maiores se
os investidores se sentirem atraídos pelo Brasil na nova economia verde, do que
o Estado ficar lutando por migalhas tributárias, que não serão capazes de mudar
a realidade estrutural do país. Precisamos de líderes que pensem para além das
ideologias de direita ou de esquerda. O Brasil merece uma virada de página e
encontrar o caminho da prosperidade duradoura e sustentável. E para isso
precisamos responder duas perguntas: Por que se deve fazer isso? Para que se
deve fazer isso? Se buscarmos as respostas no íntimo de nossos corações, nós
iremos nos surpreender com as respostas, veremos que a busca é semelhante para
todas as pessoas bem-intencionadas, que quer viver em uma país onde o povo seja
realmente feliz.
O modelo econômico mundial está em transição,
saindo da “Economia Suja” com base nos combustíveis fósseis para uma “Economia
Verde” com base nos combustíveis renováveis limpos que possibilitam a
sustentabilidade no processo de extração, produção, consumo e reaproveitamento.
O maior desafio é criar um mercado consumidor “Verde”, ou seja, uma renda, um “Salário
Verde” que possibilite a circulação de bens e serviços de forma sustentável e
circular.
Um exemplo: o preço mais barato do
automóvel a combustão no Brasil em 2023 é: Renault Kwid Zen 1.0 - R$ 68.990 e Fiat
Mobi Like 1.0 - R$ 68.990. São automóveis com motores criados a partir da “Economia
Suja”. Já o preço mais barato do automóvel elétrico no Brasil em 2023 é: Caoa
Chery iCar - R$ 119.990. É um automóvel elétrico com motor criado a partir da “Economia
Verde”, então, para que a indústria da “Economia Verde” possa prosperar, terá que criar um “Salário Verde” para o trabalhador ter capacidade de consumo dos seus
produtos gerados pela “Economia Verde”, pois a diferença de preço do automóvel
com motor a combustão e o automóvel com motor elétrico é de 42,5%. Se comprar
um automóvel zero com motor a combustão é difícil para classe média, imagine
comprar um automóvel elétrico zero Km porque não basta comprar o automóvel, tem
que ter uma renda para pagar o IPVA e o Seguro do Carro.
A “Economia Verde” não significa
redução do custo dos produtos, serviços e salários, mas a necessidade de um
reajustamento da nova realidade que surge. A “Economia Verde” só será
sustentável se tiver um mercado consumido adequado para as suas necessidades e expectativas,
pois o maior ganho para a sociedade é a geração de valor onde todo produto e
serviço da “Economia Verde” agrega valor para a sociedade, elevando a padrão de
vida de todos com o aumento da renda e do “Salário Verde”.
A lógica da “Economia Verde” não é a
redução de custo, mas a “Geração de Valor”, agregando valor ao produto e
serviço que torna sustentável e viável a própria “Economia Verde”. Acredito
que os consumidores estão preparados para fazerem uma opção por produtos e
serviços da “Economia Verde”, só precisam ter uma renda ou salário que
possibilite realizar o sonho da compra de produtos ou serviços socialmente e
ambientalmente responsáveis. O próximo desafio para a “Economia Verde” é criar “Salários
Verdes”, que crie um mercado consumidor “Verde”.
Segundo Marx e Engels, a
cidade ocidental moderna é resultado da sociedade capitalista, o local da
produção e reprodução do capital. [...] “A história de qualquer sociedade até
nossos dias é a história da luta de classes” (Manifesto Comunista/1848). Sendo
assim, a cidade é formada a partir de uma comunidade social que a partir
daqueles que ocupam o mesmo território geográfico, onde há uma relação de
dependência entre seus membros que torna possível a garantia e a sobrevivência,
ao viverem, trabalharem e realizarem as atividades básicas da vida.
Trazendo a questão próxima de
nossa realidade, há muito tempo vivenciamos nas grandes cidades do país a
reprodução da miséria e da degradação da classe trabalhadora, de baixa renda,
como no século XIX na Inglaterra.
O desenvolvimento e o
crescimento das grandes cidades brasileiras ocorreram a partir do processo de
industrialização tardia, no início do século XX. E com maior ênfase a partir dos
anos 50, onde o Brasil incentiva a indústria automobilística, e constrói uma
infraestrutura nacional de transporte, com ruas, avenidas e estradas que
influenciam no planejamento urbano das grandes cidades. Amplas áreas do solo
foram impermeabilizadas, a especulação imobiliária fez surgir áreas “nobres”
destinadas a população de alta renda que passaram a morar bem, em casas de alto
padrão. Já a população de baixa renda passou a morar em casas de construção
precária e em regiões onde o preço da terra fosse mais baixo. Nesse sentido
faltou políticas públicas que direcionassem o planejamento urbano das grandes
cidades, com o objetivo de promover a inclusão social para todos. O que há na
prática é um mal uso do espaço, elevando o custo dos serviços públicos de
transporte, pois a população passa a ser dependente deste serviço para se
deslocar da casa para o trabalho e do trabalho para a casa. O atual cenário
inviabiliza a escala humana em cidades e bairros planejados, pois a população
se tornar dependente de automóveis, desvalorizando as outras formas de transporte
E para podermos compreender melhor o conceito de escala humana, nós podemos
definir como:
[...] “A escala humana é a expressão que descreve a
organização de uso e ocupação do solo pela qual é possível fazer deslocamentos
a pé ou de bicicleta, reunir geograficamente residência, trabalho, negócios e
lazer sem a necessidade de grandes infraestruturas de mobilidade e respeitar os
usos tradicionais e as feições topográficas do espaço.” (MENEZES, 2020. p. 149)
A cidade de São Paulo é uma
das cidades mais ricas do Brasil, com a seguinte característica: população
numerosa, densamente assentada e heterogênea. Porém tem enormes desafios a
superar a partir dos efeitos de sua urbanização, como: diminuir as desigualdades
sociais, violência, questões que envolve o meio ambiente, segurança, melhor
distribuição de renda, as relações sociais, crime, tolerância, poluição
ambiental, trabalho, política, vida familiar e tornar-se enfim, uma cidade
inclusiva da classe social de menor poder econômico. O maior desafio é a enorme
desigualdade socioeconômica, onde a classe social de menor poder econômico não
está incluída no seu projeto de desenvolvimento urbano. O que o Estado e a
sociedade civil organizada podem fazer para mudar esta realidade? Quais
políticas públicas poderiam ser implementadas para tornar São Paulo uma cidade
inclusiva?
Foto de Tuca Vieira que mostra
Paraisópolis e prédio de luxo do Morumbi rodou o mundo e virou símbolo da
desigualdade social
O ideal de uma cidade justa
permite ao cidadão, o sujeito a oportunidade de viver na cidade, exercer a sua
cidadania, sendo investido de direitos civis como a liberdade para se
expressar, ser informado, reunir, organizar-se e locomover-se. Exercer os
direitos políticos de ter direito a votar e disputar cargos em eleições livres.
Estar incluído e investido de direitos socioeconômicos, como bem-estar,
segurança social, emprego, renda, a sindicalização e a livre iniciativa.
A cidade de São Paulo está longe
de ser uma cidade que promove a justiça social e a cidadania que garanta os
direitos socioeconômicos para todos os cidadãos. Existem grupos sociais que são
nela incluídos e excluídos. O exemplo que demonstra tal realidade é a foto
imagem do fotógrafo Tuca Vieira que mostra a favela de Paraisópolis de um lado
e edifícios luxuosos da região do Morumbi de outro, formando uma cruel imagem
de antagonismos. Estas são áreas localizadas no município de São Paulo. Existem
bairros dentro do próprio bairro, que apresentam uma grande desigualdade social
demonstrando claramente que há uma enorme diversidade estrutural. Fazendo da
cidade de São Paulo possuidora de duas realidades. A esse respeito Menezes
cita: o caminho para a superação deste desafio passa pela reconstrução de zonas
desassistidas pelo poder público e incluí-las no planejamento da cidade.
A valorização do bairro de uma
cidade pode ser feita a partir dos princípios da distribuição de renda definido
como:
[...] “Considera-se bairro uma seção da cidade usualmente
tratada pelos cidadãos e pelo poder público como uma unidade assim
identificada, uma coleção de vizinhanças geograficamente próximas que formam
por si só um universo em escala diminuta do que é a cidade no seu todo. O
bairro compreende, em seu interior, residências, comércio, serviços, áreas de
lazer e infraestrutura (que, idealmente, inclui rede viária, elétrica, pluvial,
de esgotamento) e coincide aproximadamente com a área de abrangência dos
equipamentos urbanos ali localizados (escolas, hospitais, corpo de bombeiros,
delegacia de polícia, estações de transporte coletivo etc.) O bairro, com suas
interações e sobreposições, é algo semelhante a uma pequena cidade dentro da
cidade.” (MENEZES, 2020. p. 145)
Uma comunidade com
distribuição de renda igualitária é composta por famílias que vivem em
comunidade, próximas entre si e realizam trocas comerciais e de serviços sem a
necessidade de grandes deslocamentos. Existe uma abundância de pequenas
empresas comerciais, como: mercados, padarias, boutiques, cafés, barbearias e
salões de beleza, lojas de roupas e acessórios, mercearias, lavanderias, pet
shops, lojas de eletrônicos e celulares, restaurantes, bares e distribuidoras,
açougues, provedores de serviços técnicos e profissionais liberais, um microcosmo
da vida urbana. O bairro não pode ser unicamente residencial, tem que permitir
que as famílias, sejam unidades social e econômicas. O objetivo é que haja o
uso misto dos lotes urbanos de forma residencial e comercial, onde o homem
comum exerça a sua cidadania e gere um valor social e coletivo para a
comunidade.
A rápida inovação digital tem
transformado a economia contemporânea, o que permite a geração de novos modelos
de negócios. Pequenos negócios são abertos com extrema facilidade através do
uso de plataformas digitais, dinamizando o dia a dia das comunidades.
Permitindo o surgimento e o crescimento de uma economia mais solidária, focadas
nos mercados de produção e consumo locais.
Um exemplo bem-sucedido de
transformação local é a rua Carlos Weber, Vila Leopoldina, São Paulo – SP, no
curso de vinte anos foram construídos inúmeros empreendimentos imobiliários,
que gerou uma maior densidade demográfico, o que possibilitou o nascimento e o
desenvolvimento de inúmeros empreendimentos comerciais. As pessoas que residem
nesta rua podem solucionar suas necessidades imediatas sem terem que realizar
grandes deslocamentos. O problema é que este mesmo movimento não ocorre em
áreas onde reside a população de baixa renda, parece haver uma falta de
políticas públicas por parte do Estado, que incentive e viabilize o
investimento da iniciativa privada.
O Brasil tem que fazer das
suas mazelas a oportunidade para crescer e se desenvolver, se reinventar, criar
políticas públicas que atenda todas as classes sociais. O planejamento urbano
de uma cidade deve contemplar a todos, e incentivar e viabilizar a ação da
iniciativa privada. A ação do Capital pode ser integradora e proporcionar uma
maior e melhor qualidade de vida para o cidadão. A cidade do futuro é a cidade
que mais qualidade de vida gera para a sua comunidade. A transformação é
possível e o cidadão deve cobrar do poder público a ação.
O Brasil pode usar do seu
capital natural para recriar as suas cidades, inseri-las no novo modelo de
desenvolvimento sustentável, a “ECONOMIA VERDE”, de base científica
tecnológica, com a geração de renda e emprego para a população. O papel do
Estado é tornar o capital um instrumento integrador, regular a competição e
taxar o lucro, destinando os impostos para políticas públicas que tenham como
objetivo o desenvolvimento sustentável. O problema não está no lucro que o
capital gera, mas onde e como o lucro é destinado. Parte do lucro deve voltar
para a sociedade na forma de bens e serviços, criando um círculo virtuoso.
O século XXI tem que ser
marcado pela superação do antagonismo entre o capitalismo e o socialismo, e
passarem a cooperar através do novo modelo de condução da vida econômica, a
distribuição de renda igualitária, uma economia para além do capitalismo e do
socialismo. A valorização e priorização do pequeno, da cultura local e do mundo
doméstico. Um Estado que cria e projeta uma demanda, e leis que assegure a
livre iniciativa e o respeito dos bens e direitos dos cidadãos.
São Paulo é o que é a partir
de uma origem, tem uma história repleta de acertos e erros, que diz o que ela
é. Neste momento não cabe olhar para os problemas e não ver uma solução, pelo
contrário, olhar para os problemas e ver uma oportunidade. Nesta direção, o
“DISTRIBUTISMO” torna-se uma ideologia que apresenta caminhos, não aponta para
a direita e nem para a esquerda, mas para frente. A utopia de uma sociedade
mais justa, inclusiva e feliz não está morta, cabe as pessoas buscarem a partir
de cada um a solução que tanto sonha. Nesse sentido a educação é fundamental e
de extremo valor. O Brasil é um país de dimensão continental, rico em recursos
naturais, com o potencial de proporcionar ao seu povo uma elevada qualidade de
vida, o que falta às pessoas, é buscar a partir da própria realidade, as
respostas para os desafios que a vida apresenta.
Fonte:
DA SILVA, Alessandro Garcia e DO
NASCIMENTO, Rhuan Reis (orgs). Distributismo: economia para além do capitalismo
e do socialismo – 1. ed. – Curitiba: Appris, 2020.
O Brasil pode liderar a implantação de
um o Estado do Bem-estar Social Verde (Welfare State Verde a Moda Brasileira).
O país necessita de respostas políticas à crise social instalada, sobretudo o
desemprego, abrindo assim espaço para a mudança na ordem de ação do Estado, no
que diz respeito a questão econômica.
A inspiração parte do modelo do Estado
do Bem-estar Social:
“Serviu como uma
rede de proteção social contra os rigores e excessos da competição
concorrencial. O consenso reinante na época falava da incapacidade de a
política liberal dar conta das grandes questões sociais”. Carmo, Paulo Sérgio
(1997 p.33)
Passa-se da economia política a uma
política econômica propriamente dita (economia orientada e direcionada pelo
Estado), mantendo os direitos de liberdade como fundamento da constituição.
O que significa que a economia capitalista
e a livre concorrência, inclusive dos salários pagos aos trabalhadores no
território em questão, não atuaria sem um certo controle e direcionamento estatal.
Nesse momento o Estado passa a ser visto
como necessário para regulamentar decisões econômicas, direcionando o capital
de particulares e os rumos econômicos da nação, opondo-se assim a ideia de
Estado Mínimo, presente no ideário do Estado Liberal.
Significa um maior controle da esfera
econômica, uma ação estatal de cunho social uma vez que parte desta produção
livre, mas direcionada, seria taxada, através de impostos, os quais seriam distribuídos
em diferentes áreas sociais, entre elas, sobretudo a educação, a saúde pública
e o transporte. Sendo o sentido mais próximo do chamado Estado Providência.
A inovação está no investimento e promoção
da iniciativa privada em direção a “Economia Verde”, de base científica tecnológica
a partir do investimento maciço na educação da população, o que permite o
surgimento de oportunidades de renda e salários de qualidade para os empreendedores
e trabalhadores envolvidos.
Portanto a política de Estado passa a
atuar na área social e na “ECONOMIA VERDE” aumentando consideravelmente as
possibilidades de trabalho e consumo das classes trabalhadoras, diminuindo em
grande parte situações de miséria e equacionando um nível de vida altamente
satisfatório.
A intensa acumulação tecnológica ocorrida
em menos de meio século revolucionou a base técnica e o processo produtivo (Quarta
Revolução Industrial) com impactos significativos sobre o trabalho humano. Novas
demandas de qualificação humana são requeridas pela nova base produtiva, que
induzem a força de trabalho a se adaptar constantemente às novas exigências
técnicas. Ocorrem, mudanças no conteúdo, quantidade e qualidade do trabalho direcionado
pela microeletrônica, biotecnologia e engenharia genética, internet, computação
etc.
A “Economia Verde” é a grande oportunidade
de desenvolvimento sustentável no século XXI. A pacificação entre a relação do
capital e trabalho deve ser mediada pela ação do Estado, não há como ser um
país rico sem a solução da miséria e da fome. O tem espaço e recursos naturais,
o que falta é uma ação inovadora por parte do Estado, que defina um norte e
coloque a economia na direção da construção de uma sociedade mais justa e
próspera.
Fonte:
SANTOS, Lia Mara Dib Ferreira. Teoria
Política Contemporânea. Lia Mara Dib Ferreira. Santos, 2015. 128 f. Universidade Metropolitana de
Santos, Ciências Sociais, 2015.